18/07/10 - Projeto Genoma Humano poderá mudar radicalmente sua trajetória, avalia Professor da UFMG
Fonte: Planeta Universitário
Universidade Federal de Minas Gerais - Professor e pesquisador na área de genética e evolução na UFMG, Fabrício dos Santos encontra-se hoje à frente de diversos projetos brasileiros e internacionais que investigam a diversidade e evolução biológica. Não são apenas estudos de laboratório ou de área isolada. Haja vista o Projeto Genográfico, financiado pela National Geographic Society, do qual é coordenador para a América Latina: por meio de análise do DNA das populações indígenas da região, seu grupo busca reconstruir a história de povoamento do continente, antes do período das grandes navegações, em 1500.
Nesta entrevista ao Portal da UFMG, ele faz um breve balanço sobre os recém comemorados dez anos de sequenciamento do primeiro genoma humano e mostra as novas direções que o projeto está tomando, com o aprimoramento de tecnologias e o aumento do volume de dados disponíveis para análise. “Tentaremos trabalhar com muitos genomas ao mesmo tempo”, detalha o biólogo geneticista.
As promessas de terapias revolucionárias anunciadas pelo projeto Genoma Humano foram precipitadas?
Depende do que se chama de promessa. Um especialista, que sabe o que é o genoma, fala de uma perspectiva mais estrita. Mas se fala como político, isso ocorre numa janela muito grande. De qualquer forma, o genoma foi e é necessário porque sem ele não poderíamos concretizar centenas de outros projetos. Sequenciar, no entanto, é só uma parte do trabalho. Na realidade, em 2003 é que foi finalizado o primeiro genoma de um indivíduo, o que representava apenas uma pessoa em cerca de 6,4 bilhões no mundo inteiro. Hoje sabemos que esse universo é muito mais complexo, pois existe grande variação entre indivíduos. Há diversos achados que são de interesse da medicina, mas que para resolvê-los é preciso conhecer essa variação de genomas entre indivíduos. Então, não estamos falando de um, mas de milhares de genomas. Atualmente há pelo menos 15 genomas humanos completamente sequenciados e centenas de outros em processamento. Para o final deste ano há uma previsão de mais mil estarem concluídos.
O que vai permitir isso?
Houve um salto tecnológico nas máquinas de sequenciamento de alto desempenho. Elas são milhares de vezes mais rápidas do que as que contamos em nossa rede de sequenciamento, no Brasil, por exemplo. Com os novos equipamentos, os pesquisadores estão conseguindo fazer o trabalho muito rapidamente.
Quais mudanças elas trouxeram ao processo de sequenciamento?
A etapa de extração de DNA é idêntica, mas a de geração de sequências mudou. No processo antigo, após a obtenção de DNA puro, o sequenciamento era feito em várias etapas. Temos um tipo de sequenciador na UFMG que atua desse modo. Sequenciamos pedacinho por pedacinho do DNA e depois montamos essas pequenas partes até formar o genoma completo. O genoma humano completo possui 3 bilhões de pares de base [os nucleotídeos do DNA são bases nitrogenadas que se complementam: Guanina (G) + Adenina (A) ou Timina (T) + Citosina (C). Por esse motivo, os compostos GA e TC são chamados de pares de base]. Neles estão as variações que nos tornam diferentes. O ideal é ter o sequenciamento completo de cada indivíduo. Mas, com as máquina antigas, o processo tomava muito tempo e por isso laboratórios do mundo inteiro se reuniram para que cada um sequenciasse os pedacinhos dos cromossomos. O trabalho demorou de 1990 a 2003. Na verdade, 90% do sequenciamento foi feito nos últimos três anos desse período.
Essa aceleração também decorreu da tecnologia?
Houve o início de um salto tecnológico com máquinas iguais às que hoje temos aqui na UFMG. Elas são mais rápidas e sequenciam mais "pedacinhos" ao mesmo tempo. Porém, com o outro salto tecnológico que começou em 2005-2006, os equipamentos passaram a fazer o sequenciamento todo de uma só vez. Essa é a diferença. Pelo novo método, o DNA é todo "picotado". A partir disso, bilhões de pedacinhos do genoma são seqüenciados e lidos por um software no computador em pouco tempo. Hoje se calcula que, em até dois dias, seja possível gerar a sequência do genoma de uma pessoa.Continue a ler neste link.
01/07/10 - Brasil é o país que mais usa agrotóxicos no mundo
O Brasil, um dos países mais desiguais e com uma das maiores concentração de terras do mundo, ganhou o posto de maior consumidor de agrotóxicos do planeta. Lugar conquistado pelo segundo ano consecutivo, superando os Estados Unidos, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgados recentemente.
Curiosamente, o avanço da tecnologia nesses últimos dez anos não reduziu o consumo de agrotóxicos no Brasil. Pelo contrário, a moderna tecnologia dos transgênicos, por exemplo, estimulou o consumo do produto, especialmente na soja, que teve uma variação negativa em sua área plantada (- 2,55%) e, contraditoriamente, uma variação positiva de 31,27% no consumo de agrotóxicos, entre os anos de 2004 a 2008.
Para os mais céticos é preciso afirmar que o comportamento nas demais culturas produzidas no Brasil também acompanhou a curva ascendente. Assim, levantamentos do IBGE e do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), ambos de 2009, apresentam o crescimento de 4,59% da área cultivada no período entre 2004 e 2008. Por outro lado, as quantidades vendidas de agrotóxicos, no mesmo período, subiram aproximadamente 44,6%.
Isso equivale dizer que se vendeu agrotóxicos num ritmo quase 10 vez superior ao crescimento da área plantada no Brasil naquele período. E os números não levam em conta a enorme quantidade de agrotóxico contrabandeado para o país. Se o consumo de agrotóxicos seguir esse ritmo, os brasileiros estarão cada vez mais expostos aos seus males no ambiente, no trabalho dos agricultores e na dieta.
A contaminação de alimentos na mesa do brasileiro é uma realidade, segundo dados do Programa de Análise de Resíduo de Agrotóxico em Alimentos (PARA), da Anvisa. Destaca-se, para os 26 estados brasileiros, os níveis de contágio nas culturas de pimentão (80%), uva (56,4%), pepino (54,8%) e morango (50,8%), acompanhados ainda da couve (44,2%), abacaxi (44,1%), mamão (38,8%) e alface (38,4%), além outras 12 culturas analisadas e registradas com resíduos de agrotóxicos.
O fato é ainda mais preocupante, pois das 819 amostras que apresentaram ingredientes ativos (IAs) não autorizados, 206 amostras (25,1%) apresentaram resíduos que se encontram em processo de reavaliação toxicológica no Brasil. Desse universo, 32 amostras contém ingredientes ativos banidos ou nunca sequer registrados no Brasil, como o heptacloro, clortiofós, dieldrina, mirex, parationa-etílica, monocrotofós e azinfós-metílico.
Com 70 milhões de brasileiros em estado de insegurança alimentar, segundo o IBGE, e com o consumo de apenas 1/3 de frutas, verduras e legumes necessárias a uma alimentação saudável, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a solução para o país passa pela reforma agrária e pela conversão do modelo agroquímico e mercantil para um modelo de base agroecológica, com controle social e participação popular.
O Estado Brasileiro e suas políticas públicas ainda são vacilantes em relação ao o inciso V do artigo 225º da Constituição Federal. O item transcorre sobre o "controle da produção, a comercialização e o emprego de substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente", como é o caso do uso de agrotóxicos.
As medidas paliativas, como lavagem das hortaliças ou frutas, estão longe de amenizar as verdadeiras causas desse grave quadro de contaminação. Inclusive muitos desses produtos possuem atuação sistêmica, estando em todas as partes da planta.
Com a contaminação ambiental e alimentar, promovida essencialmente pelo uso de agrotóxicos no Brasil, é dever do Estado operar urgentemente políticas públicas efetivas para se fazer cumprir o direito coletivo com uma agricultura responsável e comprometida com o seu povo. E não apenas com os objetivos do lucro fácil e irresponsável em termos socioambientais.
AUTORIA
Fernando Ferreira Carneiro
Porfessor do Departamento de Saúde Coletiva
Faculdade de Ciências da Saúde
Universidade de Brasília (UnB)
Vicente Eduardo Soares e Almeida
Pesquisador da Embrapa Hortaliças
27/06/10 - O que mudou nesses 10 anos de projeto genoma
Fontes: Francis Collins, que dirigiu o Projeto Genoma Humano; Craig Venter, diretor do Celera Genomics; e Salmo Raskin, presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica
Apenas três medicamentos baseados na descoberta foram aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), o órgão que controla alimentos e remédios nos Estados Unidos. Recentemente, a FDA autorizou o Prolia, aplicação genômica da empresa biotecnológica Amgen para tratar a osteoporose.
Foram criados testes genéticos capazes de determinar se as mulheres afetadas por câncer de mama precisam de quimioterapia.
Surgiram exames que permitem prever a resposta de pacientes a mais de uma dezena de medicamentos segundo seu perfil genético.
O custo do sequenciamento do genoma caiu de forma assombrosa. O Projeto Genoma Humano foi financiado com US$ 3 bilhões e demorou 10 anos para produzir o rascunho, que foi seguido pela versão final em 2003.
Hoje, as companhias californianas Illumina e Life Tchnologies dizem que podem fazer o mesmo trabalho em um dia por menos de US$ 6 mil, enquanto a rival Complete Genomics oferece o serviço por US$ 5 mil.
Esta queda dos custos permitiu que os cientistas decifrassem o DNA de toda uma gama de espécies não humanas: mais de 3,8 mil organismos, desde ratos até moscas das frutas, essenciais para as pesquisas em laboratório.
Na próxima década, poderá ser decifrado o DNA do esperma, das células embrionárias, de células pré-tumorais e das células-tronco de qualquer pessoa, para ver se são saudáveis ou propensas a doenças.
27/06/10 - Rascunho do DNA faz 10 anos
Fonte: Gazeta do Povo
No próximo dia 26 comemoram-se 10 anos do anúncio do sequenciamento do genoma humano. Na ocasião, duas equipes, uma pública e uma privada, investiram milhões de dólares em pesquisa competindo para ver qual seria a primeira delas a publicar um rascunho do DNA humano. De lá pra cá, o conhecimento gerado por essas pesquisas possibilitou o desenvolvimento de medicamentos e testes que identificam doenças genéticas; no entanto, médicos e pesquisadores acreditam que a ciência ainda não foi capaz de cumprir as expectativas criadas há uma década. A grande promessa da medicina individualizada, com medicamentos específicos de acordo com o código genético de cada pessoa, ainda é apenas ficção científica.
Na edição comemorativa que a revista Nature dedicou ao assunto, o pesquisador que dirigiu o consórcio público, Francis Collins, admitiu que “os resultados para a medicina clínica foram, de longe, modestos”. É inegável que o Projeto Genoma Humano gerou uma quantidade imensa de informações; no entanto, mesmo após 10 anos de estudo, esse grande volume de dados ainda é um desafio para os cientistas. “Ainda não alcançamos tudo que havíamos previsto, mas estamos no caminho. Temos material e dados acumulados para mais 50 anos de pesquisa. Ainda não deu tempo de estudar as aplicações de todo o conhecimento”, afirma Sara Teresinha Olalla Saad, pesquisadora do Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, no interior de São Paulo).
Embora ainda não se tenha conseguido aperfeiçoar terapias em níveis individualizados, o sequenciamento do genoma humano teve um impacto importante no diagnóstico de doenças genéticas. De acordo com o geneticista e presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, Salmo Raskin, o maior benefício foi poder identificar até mesmo quando há uma alteração em um único gene. “Com isso pode-se desenvolver testes capazes de confirmar a suspeita dessas doenças”, afirma. A partir desses testes, pessoas que têm histórico de alguma doença genética na família podem descobrir se carregam o gene ou se têm chance de ter um filho com a doença.
É o caso de Amauri, que aos 42 anos decidiu fazer um teste para saber se carrega o gene responsável pela doença de Huntington, uma síndrome genética degenerativa que causa descontrole de movimentos corporais e acaba levando a pessoa à incapacidade. Depois de ver o avô, o pai e dois irmãos sofrerem com a doença, ele decidiu que queria saber se seu destino seria o mesmo dos familiares. “Quis fazer o teste para poder viver em paz, me programar. Deu negativo e fiquei aliviado, mas se tivesse acusado que eu tinha a doença, pelo menos poderia fazer planos para o tempo em que ainda teria autonomia”, conta.
Além de tornar possível o diagnóstico, o conhecimento do genoma também permitiu que fossem criadas novas terapias para algumas doenças genéticas. No caso da fibrose cística, por exemplo, a identificação do gene relacionado com a doença permitiu que se criasse um novo medicamento. “Antes não sabíamos como ela acontecia, mas descobrindo o gene pode-se ver como ele se expressa em pessoas saudáveis e criar um medicamento capaz de reproduzir isso em pessoas doentes”, explica Raskin.
Se, por um lado, no que diz respeito a doenças genéticas as descobertas foram significativas, por outro Raskin considera que, para doenças mais comuns, os avanços não foram tão grandes. Sabe-se que doenças como diabete, hipertensão, obesidade, depressão ou enfarte têm um componente genético, mas não se sabe exatamente quais e quantos genes estariam envolvidos. “Alguns até já foram identificados, mas pode ser que haja outros”, explica. O geneticista lembra ainda que o Projeto Genoma estudou a sequência dos genes, mas algumas doenças podem ter relação não apenas com um erro na sequência, mas com alterações em outras etapas de formação das proteínas.
05/02/09 - Pesquisadores dizem ter concluído 'leitura' do genoma dos neandertais
Fonte: G1, São Paulo
Cientistas da Alemanha apresentarão resultados em encontro nos EUA. Grupo já estuda outros indivíduos da espécie em busca de mais dados.
Pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, terminaram o sequenciamento (leitura) do DNA de um neandertal que morreu há 38 mil anos. A informação é do site da revista científica britânica "Nature". A equipe liderada pelo sueco Svante Pääbo deve anunciar os resultados durante a reunião da Associação Americana para o Avanço da Ciência, que começa no próximo dia 12. O feito é histórico -- será a primeira criatura extinta cujo genoma completo é decifrado. Espera-se que os dados ajudem a resolver dúvidas sobre a relação exata entre os neandertais e os humanos modernos e tragam dados preciosos sobre a evolução da nossa espécie. Agora, o grupo quer estudar outros indivíduos neandertais, para ter uma base de comparação mais confiável.
Reconstrução de criança neandertal (Foto: Instituto Antropológico da Universidade de Zurique/Divulgação)
28/12/08 - Cientistas conseguem seqüenciar genoma da soja
Fonte: Terra
Pesquisadores conseguiram enfim fazer o seqüenciamento genético do grão da soja. A Glycine max é uma importante safra alimentícia para seres humanos e animais, rica em óleos e proteínas. Mas é como insumo na produção de biodiesel - um combustível produzido por meio de alterações que tornam o óleo vegetal capaz de acionar motores a diesel - que o produto atraiu a atenção do Instituto Unificado do Genoma, parte do Departamento da Energia dos Estados Unidos, em Walnut Creek, Califórnia. Os cientistas do instituto e instituições coligadas divulgaram uma visão preliminar do genoma completo em 8 de dezembro, na Conferência Internacional de Genômica das Leguminosas, em Puerto Vallarta, México. O seqüenciamento levou três anos, em um projeto que teve custos da ordem de US$ 20 milhões, incluída toda a pesquisa inicial, informaram os cientistas responsáveis. O seqüenciamento da soja foi precedido pelo do arroz, realizado em 2005, e deve ser seguido pelo do trigo e do milho, que estão em desenvolvimento. Os genomas de muitas plantas alimentícias são muito grandes e apresentam forte duplicação - o que serve de motivo para que os especialistas em biologia vegetal trabalhem com genomas mais simples como o da Arabidosis thaliana, uma planta semelhante à mostarda, como modelo. Muitos outros genomas vegetais contêm traços de hibridizações de espécies, que podem causar confusão, e de eventos de duplicação, nos quais todo o genoma de uma planta é copiado e as duas espécies resultantes depois se separam no curso dos labirintos evolutivos. Problema duplo "A soja se duplicou cerca de 10 milhões de anos atrás, pouco mais ou menos", disse Dan Rokhsar, do instituto, um dos líderes do projeto, "mas se você observar cuidadosamente, encontrará indícios de pelo menos mais dois eventos de duplicação". O resultado será que cada gene do genoma do vegetal em questão tenha três primos muito semelhantes, o que fez com que muitos biólogos vegetais reagissem com ceticismo diante da proposta de que a soja fosse seqüenciada, utilizando a abordagem de "espingarda" da qual Craig Venter foi pioneiro. Nesse método, o genoma é dividido em fragmentos cada um dos quais com cerca de 700 pares básicos de comprimento. Estes fragmentos são seqüenciados, e depois o genoma inteiro é remontado como se fosse um quebra-cabeças. Com todos os genes semelhantes que existem por aí, disse Rokhsar, "é como se estivéssemos falando de dois quebra-cabeças bastante parecidos cujas peças tivessem se misturado". Randy Shoemaker, que trabalha para o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos, em Iowa, um dos líderes do projeto de pesquisa sobre a soja, agora está tendo de engolir seu ceticismo. Ele foi citado em 2000 uma reportagem da Nature que previa que a soja jamais poderia ser seqüenciada, em parte devido à sua complexidade. A despeito de todas essas dúvidas, "o projeto foi realizado de maneira relativamente fácil", disse Gary Stacey, da Universidade do Missouri em Columbia, outros dos líderes da equipe. A seqüência foi verificada em comparação com genes de soja previamente conhecidos, e de acordo com Rokhsar pelo menos 98% deles estão presentes no genoma seqüenciado.
Safra lucrativa
A seqüência genética será usada pelos projetistas de biocombustíveis e pelos agricultores como ferramenta que permitirá modificar a soja de maneira a seguir suas especificações. "Agora somos capazes de identificar todos os genes envolvidos na síntese do óleo, na semente", diz Stacey, o que deve ajudar a estimular a produção petroleira. E, como enfatiza Rokhsar, o processo também tornará a produção de soja mais eficiente. "O ideal seria conseguir uma forma de plantar que não use água nem fertilizante, e na pior terra imaginável". Os agricultores que cultivam soja para alimentação humana ou ração animal podem desejar usar as informações sobre o genoma da planta de maneira a desenvolver variedades de maior rendimento ou com maior teor de proteínas. O Conselho da Soja dos Estados Unidos, uma organização agrícola bancada por um pequeno tributo arrecadado sobre toda soja vendida no mercado norte-americano, financiou alguns trabalhos iniciais que "atraíram a atenção do Instituto Unificado do Genoma", de acordo com Rick Stern, um agricultor que cultiva soja em Cream Ridge, Nova Jersey e preside o comitê de produção do conselho. "No momento, o tempo de desenvolvimento de uma nova variedade é de 15 a 20 anos. Com o genoma decifrado, esperamos poder reduzir o prazo para entre cinco e sete anos", disse. Os marcadores que identificam genes desejados pelos cientistas podem ser utilizados para localizar as plantas que contêm esses genes sem que seja necessário esperar que amadureçam. Ou a biotecnologia pode permitir a inserção direta dos genes mais procurados diretamente nas células de uma planta. A área mundial de produção de soja é de cerca de 95 milhões de hectares e fica concentrada nas Américas, embora a origem da planta seja a Ásia. A produção mundial de soja cresceu em mais de 200% ao longo dos 30 últimos anos, de acordo com a Associação Européia de Pesquisa de Grãos Legumináceos, sediada em Paris.
15/10/08 - Nasce na Espanha bebê selecionado geneticamente para curar o irmão
Com o nascimento do pequeno Javier, no domingo, o menino espanhol Andrés, de 6 anos, ganhou mais do que um irmão. O pequeno recebeu um verdadeiro presente: a cura para uma grave anemia congênita. Javier é o primeiro caso em que todo o procedimento para gerar um bebê selecionado geneticamente para salvar seu irmão foi realizado na Espanha. O bebê, que nasceu no Hospital Virgen del Rocío de Sevilla, com 3,4 quilos, traz a esperança de dar a cura a seu irmão Andrés. O menino sofre de beta talassemia - caracterizada pela impossibilidade de fabricar hemoglobina, o que obriga a realização de transfusões sangüíneas intermináveis - e precisa de um transplante de medula. O sangue do cordão umbilical de Javier será transplantado em Andrés para que ele comece a fabricar células sangüíneas saudáveis.